domingo, 13 de abril de 2014

Sozinho


Sozinho
De Edgar Allan Poe

Nos meus tempos de infância, eu não era
Como os outros eram - Eu não via, devera,
Como os outros viam - Tão pouco eu tivera
As paixões comuns de primavera
E do meu âmago não pude retirar
O meu pranto - E eu não pude acordar
Meu coração à alegria de um tom de carinho
E tudo que eu amei, eu amei sozinho
Então - em minha infância - Na madrugada
De uma vida incessantemente tempestuosa - Foi retirada
Da mais profunda essência do Bem e do Mal
O mistério que me mantém de pé até o final-
Da torrente, ou da fonte -
Do penhasco vermelho do monte -
Do sol que orbitava a minha volta onerado
Sob um tom outonal de dourado
Desde o relâmpago que no céu findou
E que em flashes me abordou
Desde o trovão e da tempestade
E da nuvem que tomou forma e densidade
(Ainda que azul estivesse o firmamento)
Aos meus olhos tornou-se um demônio naquele momento


Tradução - Bianca Radics
Adaptação - Diogo Aguiar


domingo, 6 de abril de 2014

Um Sonho


Um Sonho
De Edgar Allan Poe

Observando a noite lúgubre
Sonhei com a alegria que tivera
Foi um sonho claro, vívido, insalubre
Deixando-me sob tristeza severa

Ah! O que não é um sonho diário
Para ele cujo olhar está fixado,
Em detalhes que o rodeiam com um raio
Trazendo de volta para o passado?

Aquele sonho santo, aquele sonho santo,
Enquanto o mundo inteiro estava a reprovar,
Alegrou-me com seu brilho e encanto
Um solitário espírito a guiar

Permitindo que aquela luz, através da noite e da tempestade,
Tremeluzindo ao longe louçã,
O que poderia ter mais claridade
Do que a verdadeira estrela-da-manhã?

Tradução - Bianca Radics
Adaptação - Diogo Aguiar